A explosão da caldeira da Exxon
Mobil ocorreu em Singapura em 2000 e talvez seja um dos acidentes mais conhecidos
mundialmente, nos últimos anos, envolvendo explosão de câmara de combustão em
durante a operação de acendimento de caldeiras.
"Acidentes deste tipo (EXPLOSÃO DE
CÂMARAS DE COMBUSTÃO EM OPERAÇÕES DE ACENDIMENTO) tem se mostrado bastante frequentes
na nossa indústria. Por exemplo, a RLAM já registrou este tipo de acidente na
GV-4 (1984, com destruição total da mesma), B-631 (1989) e B-3201 (1998),
felizmente sem vítimas. Em outros locais da Petrobras já ocorreram acidentes
fatais.”
Gedson Meira
A caldeira envolvida no acidente era uma caldeira
aquatubular com economizador e superaquecedor. A superfície total de
aquecimento era de 2203 pés quadrados, pressão de projeto 12000 Kpa e produzia
160 Ton. de vapor / hora .
Aspecto da caldeira da Exxon Mobil antes do acidente. |
Os queimadores possuíam um sistema de bicos que
permitia a queima de 8 diferentes tipos de combustível.
A caldeira estava protegida por 2 PSVs no tambor de
vapor e 1 PSV no superaquecedor.
A linha de
gás possuía 2 válvulas de trip (XVs) em série, cada uma com um by-pass. Havia
ainda um Vent automatizado que abria sob comando do intertravamento, em caso de trip. Os by-passes das XVs
deveriam estar TRAVADOS FECHADOS, e com
um selo. As XVs estavam conectadas a um sistema de detecção de falha de chama (provavelmente
através de fotocélulas). O uso do by-pass das XVs somente poderia ser utilizado
com autorização expressa formal superior.
A linha de gás possuía também uma estação de controle com uma FCV com válvulas de bloqueio a
montante e jusante e uma válvula de by-pass para queima normal e uma FCV de
diâmetro menor “em paralelo” para operação de acendimento.
Caldeira antes da explosão que a destruiu completamente. |
Na noite de 09 de dezembro de 2000, a caldeira
estava operando queimando GLP. Uma ordem foi dada para acender os queimadores com
diesel. A partir das 00:30h, três funcionários estavam tentando dar partida (re
start) com diesel na referida caldeira, mas não obtiveram sucesso. As 2:20h,
eles tentaram acender novamente os queimadores de diesel. Entretanto, a caldeira
sofreu um trip e apagou.
Devido ao insucesso em acender o queimador de diesel,
resolveram retornar ao modo de operação anterior, reacendendo a caldeira com
GLP . Na tentativa de reacendimento com GLP as 02:30h, uma imensa explosão
ocorreu dentro da câmara de combustão da caldeira.
Com a explosão, os três funcionários ficaram
gravemente feridos, com mais de 50% da área de corpo queimados por queimaduras
de segundo grau. Duas destas pessoas subsequentemente morreram no hospital:
01 Operador de 23 anos de idade;
01 Operadora de 21 anos de idade.
CAUSAS
Investigações no
local confirmaram que as 2 válvulas de by-pass das XVs estavam 50%
abertas e que a válvula
principal de controle de GLP estava 66% aberta no
momento imediatamente anterior à explosão.
As válvulas de
bloqueio a jusante e a montante da válvula principal de controle de
GLP estavam 100% abertas.
Houve portanto um
alinhamento que permitiu a entrada de grande quantidade de GLP para a
câmara de combustão, resultando na explosão da caldeira na hora da ignição.
RECOMENDAÇÕES
- Todas pessoas envolvidas na operação de caldeiras devem seguir procedimentos operacionais seguros;
- Autorização formal deve ser obtida antes de introduzir modificações no sistema da caldeira ou nos seus procedimentos;
- Deve-se assegurar que todo pessoal envolvido na operação receba adequado treinamento e supervisão;
- Deve-se assegurar documentação apropriada.
AÇÕES TOMADAS PELA EXXON
MOBIL
A empresa foi instruída
para levar a cabo uma inspeção do remanescente da caldeira e
executar os trabalhos de recuperação de forma a assegurar condições
seguras de operação.
A empresa também reviu
seu sistema interno de SMS para identificar e corrigir fraquezas e lacunas, além de observar as recomendações acima.
Fonte:
Chia Bak Khiang, Assist. Executive Enginee - Ministry of Manpower
Singapore
Tradução e comentários: Gedson Meira - Refinaria Landulpho Alves –
RLAM
Gostei...
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ResponderExcluirEste caso mostra a importância do rigor ao atendimento dos procedimentos de segurança estabelecidos e o o atendimento da NR13.
ResponderExcluirMuito triste esse ocorrido, embora tenha sido noticiado na época, eu só li o caso agora em função de uma atividade acadêmica! Uma pena que procedimentos tão básicos para quem trabalha com caldeiras não tenham sido respeitados e as pessoas pagaram com a vida. As vidas que foram e as que ficaram comprometidas. Não dinheiro que pague esse bem.
ResponderExcluirum acidente que podeira ter sido evitado? a NR13 pode trazer essa resposta, mas eu adianto que bem provável que sim. As prevenções existem porque houveram acidentes antes..
ResponderExcluirSou operador de área e SDCD de uma caldeira de recuperação Química.Temos que estar sempre em alerta para qualquer anormalidade no equipamento, não temos uma segunda chance.Lembro-me de uma ocasião que consegui detectar um furo no painel de tubos leste,6* andar da caldeira. Detectei uma vibração anormal na região.
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