Por volta das 22h30 do dia 24/02/1984 moradores da Vila Socó (atual Vila
São José), Cubatão/SP, perceberam o vazamento de gasolina em um dos oleodutos
da Petrobrás que ligava a Refinaria Presidente Bernardes (RPBC) ao Terminal de
Alemoa. A tubulação passava em região alagadiça (mangue), em frente à vila constituída
por palafitas.
Naquela noite, um operador alinhou inadequadamente e iniciou a
transferência de gasolina para uma tubulação (falha operacional) que se
encontrava fechada, gerando sobrepressão e ruptura da mesma, espalhando cerca
de 700 mil litros de gasolina pelo mangue. Muitos moradores visando conseguir
algum dinheiro com a venda de combustível, coletaram e armazenaram parte do
produto vazado em suas residências. Com a movimentação das marés o produto
inflamável espalhou-se pela região alagada.
Bastava uma fagulha para que tudo ardesse em chamas. Uma faísca
provocada por fósforo ou curto circuito em fio elétrico colocaria fogo "à
mistura" de água com combustível.
E foi o que aconteceu cerca de 2 horas após o vazamento. A ignição
seguida de incêndio alastrou fogo por toda a área alagadiça superficialmente
coberta pela gasolina, incendiando as palafitas. O número oficial de mortos é
de 93, porém algumas fontes citam um número extra oficial superior a 500
vítimas fatais (baseado no número de alunos que deixou de comparecer à escola e
a morte de famílias inteiras sem que ninguém reclamasse os corpos), dezenas de
feridos e a destruição parcial da vila (mais de 500 barracos).
Nem todos os corpos reclamados pelas famílias foram encontrados. Havia
muitos pedaços espalhados pelo mangue. Contudo, acredita-se que o número de
vítimas foi muito maior, podendo chegar a 700 pessoas, haja vista que famílias
inteiras devem ter sido queimadas, não sobrando ninguém para reclamar seus
corpos.
Desastre da Vila Socó: Pobreza e tragédia ou a tragédia da pobreza. |
O laudo técnico admitiu que a ruptura do duto foi resultado da corrosão
de sua face exterior cuja espessura ficou restrita a apenas meio milímetro
(falta ou falha de inspeção??). A Petrobrás, por sua vez, assumiu a culpa pelo
vazamento, mas retrucou que, quando construiu o Oleoduto Santos-São Paulo, não
havia moradias ao lado das tubulações dentro do mangue. O dia 25 de fevereiro
de 1984 foi o momento mais trágico da história de Cubatão.
Segundo denúncia de pessoas que tentaram acionar os bombeiros, a
incredulidade e o excesso de burocracia de funcionários da RPBC, quando foi constatado o vazamento, sem que o
fogo tivesse iniciado, foram as causas principais do número de vítimas.
Ao tomar conhecimento do fato, o
funcionário respondeu que primeiro acionaria um
engenheiro da empresa residente em Santos e caberia a ele fazer a
avaliação e chamar os bombeiros, se julgasse oportuno (falha de gestão??).
Fontes:
Entre Estatais e Transnacionais: O Pólo Industrial de Cubatão por Joaquim Miguel Couto,
jornal A Cidade de Santos
jornal A Cidade de Santos
e Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo - CETESB.
Foi uma tragédia anunciada:
ResponderExcluirDe um lado uma população pobre e desassistida pelo Poder público e de outro a inoperância dos órgãos governamentais. O vazamento do gasoduto não ocorreu de um dia para outro. Foi um vazamento de anos provocado por um pau fincado sobre o duto e que numa noita uma vela acessa para "o santo" deu ignição a tragédia.
O descontrole emocional do Tenente do Bombeiro é fruto de uma corporação sucateada e da emoção natural de um homem assistindo impotente a morte de milhares de irmãos humildes num incendio devastador.
Creio que em nosso pais deve se investir pesado em Educação Ambiental, pois o que culminou com as mortes sem tirar a responsabilidade da Petrobras que claro foi muito lenta em seu Plano de Contingencia e Acidentes Ambientais, foi também a ocupação irregular, construindo residencias em Áreas de Preservação Permanente, a equipe de Ação em Casos de Acidentes Ambientais nesta determinada Empresa que trabalha com liquido altamente poluente e inflamável deveria se ter pensado na probabilidade de incêndio nos arredores do vazamento, lamentável.........Precisamos de Educação Ambiental se quisermos continuar a vida no Planeta Terra.
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