quarta-feira, 24 de julho de 2013

Caso 029: Raio e Incêndio na REPLAN (1993).

Na madrugada do dia 08 de janeiro de 1993, ocorreu um dos maiores incêndios em refinarias de petróleo no Brasil. Um tanque que possuía 15 milhões de litros de óleo diesel, sua capacidade máxima, foi atingido por um raio que provocou a ignição da mistura de gases inflamável (emanação de gás num respiro) que se encontrava sobre o topo do tanque TQ-4725, da Refinaria de Paulínia a REPLAN, a maior do país. Imediatamente, após a queda do raio, houve uma explosão seguida de um grande incêndio.

O combate as chamas do TQ-4725 durou 12 horas.
As chamas atingiram uma área de 4300 m2, com labaredas de mais de 40 m de altura, produzindo fumaça de aproximadamente 50 km de extensão. O grande risco inicial era de que o fogo se alastrasse e atingisse os tanques vizinhos, provocando um prejuízo incalculável e representando uma ameaça ao ambiente. Bombeiros da REPLAN iniciaram, então, a extinção do fogo que atingia as bacias de contenção com aplicação de jatos de espuma e o resfriamento do tanque atingido e dos adjacentes utilizando jatos de água, enquanto estratégias de combate eram definidas pelos técnicos da REPLAN, em colaboração com o Corpo de Bombeiros de Paulínia e Campinas e brigadistas da empresa vizinha, a RHODIA. No total, foram 12 horas para o controle e a extinção do fogo, sendo consumidos 4 milhões de litros de óleo diesel, num prejuízo total de cerca de US$ 1.900.000,00, entre diesel consumido, combate ao fogo e reparo dos equipamentos. Cerca de 100 bombeiros, civis e militares, mobilizaram-se para conter esse incêndio.
Essa foi a primeira vez na PETROBRÁS que um tanque daquelas dimensões teve um sinistro extinto sem que tenha sido por queima total ou por ausência de combustível.


EQUIPAMENTO

Tanque atmosférico: teto fixo;
Diâmetro: 46 metros (maior que a largura mínima de um campo de futebol que é de 45 metros);
Altura do tanque: 11 metros (equivalente a um prédio de 3 andares);
Conteúdo:  combustível (óleo diesel refinado);
Área Superficial: 1661 m2

O VÍDEO A SEGUIR MOSTRA UMA COLETÂNEA DE REPORTAGENS
 TELEVISIVAS DA ÉPOCA,  QUE REGISTRARAM O SINISTRO.




O  SEGUNDO VÍDEO (ABAIXO) SÃO IMAGENS DO COMBATE
AO INCÊNDIO ATÉ  SUA EXTINÇÃO REGISTRADA PELA PETROBRÁS.



OBSERVAÇÃO: No controle e extinção do incêndio de Paulínia, os canhões portáteis utilizados nesta operação se mostraram muito mais versáteis que os rebocáveis, permitindo o avanço praticamente instantâneo ao interior do dique, sendo que os rebocáveis necessitaram de guindaste para auxiliá-los nesta façanha, tornando a operação lenta e dispendiosa.


RECOMENDAÇÕES

  • Todo respiro deve possuir dispositivo de proteção corta-chama  com o objetivo de não dar condições que a emanação de gases quando sofra ignição por uma fonte de calor (no caso um raio -relâmpago), o fogo não "corra" para o interior do tanque;
  • Garantir que o sistema de combate de incêndio (tubulações de água, câmara de  espuma, bombas de incêndio e outros), esteja funcionando e em perfeita condições (teste e manutenção periódica);
  • Reavaliar as condições de proteção do manifold responsável pela distribuição e interrupção de fluxo para os tanques, contra sinistros (impacto ou incêndio),
  • Instalação de um “Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas” (SPDA).

 
TANQUE ATMOSFÉRICO DE TETO FIXO: 1- Escotilha de medição;  2- Chapa do teto; 3- CÂMARA DE ESPUMA; 4- RESPIRO; 5- Caixa de selagem de gases; 6- Régua externa do medidor de bóia; 7- Bocas de visita do teto; 8- Corrimão do teto; 9- Plataforma da escada; 10- Escada helicoidal de costado; 11- Corrimão; 12- Dreno de fundo; 13- Boca de visita no costado; 14- Termômetro; 15- Saída de condensado; 16-Bocais de entrada e saída de produto; 17 – Entrada de vapor de aquecimento; 18-TUBULAÇÕES DE ESPUMA; 19- Porta de limpeza; 20- Chapa de fundo; 21- Misturador; 22-Costado.

NORMAS TÉCNICAS

Para evitar esta incidência de raios no interior dos tanques, de acordo com a normalização, a respeito de espessura mínima para tetos de tanques, podemos citar as seguintes:

  •  NFPA 780 – Standard for the Installation of Lightning Protection Systems – 2000 Edition, cita que: chapas de aço com espessura menor que 4,8 mm podem ser perfuradas por descargas atmosféricas severas e não devem ser considerados como proteção contra incidência de raios;
  • NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas – FEV 2001, cita que para proteção de tanques de superfície contendo líquidos inflamáveis a pressão atmosférica, o teto deve ter uma espessura mínima de 4 mm;
  • N-2318 – Inspeção em serviço de tanque de armazenamento atmosférico – MAI/2003 , cita que para produtos com ponto de fulgor menor que 60°C a espessura mínima das chapas do teto deve ser de 4,0 mm.
Desta normalização pode-se concluir que em tanques com risco de incêndio devemos ter uma espessura mínima do teto maior que 4 mm.




PROJETO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA

O Anexo A da norma NBR-5419 estabelece os requisitos de proteção contra descargas atmosféricas para estruturas contendo líquidos ou gases inflamáveis (Anexo A, item A.2). Um tanque com teto de espessura de 3 mm não se enquadra em tanque autoprotegido contra descargas atmosféricas (Anexo A, item A.2.3.1). No entanto, é possível proteger adequadamente um tanque de armazenamento de produtos contra descargas atmosféricas adotando-se medidas descritas na seção 5 da referida norma.
Um SPDA é composto em subsistemas de captores, de descida e de aterramento. O subsistema captor tem a função de receber a descarga atmosférica, ou seja, impedir que o raio caia na área protegida pelo SPDA. O subsistema de descida conduz a corrente de descarga dos captores até o aterramento. No aterramento, a corrente de descarga é dissipada para a terra.
Segundo a norma, um captor de espessura menor que 4 mm pode ser aquecido no ponto de queda do raio a ponto de causar ignição de gases inflamáveis eventualmente presentes sobre o teto do tanque (NBR-5419 – Tabela 4). No ponto de queda do raio há grande concentração de energia, provocando grande aquecimento. No percurso entre os captores e o aterramento, o aquecimento provocado pela descarga é menor, possibilitando o uso de um material de espessura menor. Portanto, o teto do tanque é inadequado à utilização como captor, mas pode ser utilizado no subsistema de descida. A espessura mínima do condutor de descida exigida pela norma é de 0,5 mm (NBR-5419 – Tabela 4).

Fonte:
www.gifel.com.br

SOLUÇÃO PARA SUBSTITUIÇÃO DE TETOS FIXOS EM TANQUES SUJEITOS
À CORROSÃO, COM USO DO AÇO INOXIDÁVEL
por Romildo Rudek Junior, Rui Fernando Costacurta e Marcelo Rocha Baião.

NFPA 780 – Standard for the Installation of Lightning Protection Systems – 2000 Edition.
 NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas – FEV 2001.
N-2318 – Inspeção em serviço de tanque de armazenamento atmosférico – MAI/2003.

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