Por volta da 01h:00m em 23 de
outubro de 1989, uma enorme explosão destruiu boa parte da planta de
polietileno da Phillips 66, em Pasadena (subúrbio de Houston), no Texas (EUA).
Cerca de 85.000 m3 de
material inflamável foi instantaneamente liberado para a atmosfera. Esta enorme
nuvem de gás entrou em ignição em menos de dois minutos. A explosão inicial
lançou detritos até 9,5 km de distância e foi registrado tremores de terra
entre 3 e 4 graus na escala Richter nos sismógrafos da Universidade Rice.
Muitas explosões secundárias seguiram. No total, 23 vidas foram perdidas e 314
pessoas ficaram feridas. A perda financeira foi estimada inicialmente em mais
de 715 milhões de dólares.
O incêndio tomou praticamente toda planta química. |
Um dia antes do incidente,
trabalhos de manutenção programada tinham começado a limpar três das seis
colunas de fixação de um reator. Uma empreiteira de manutenção especializada
foi contratada para realizar o trabalho. O procedimento consistia em isolar o
local para que o serviço fosse executado. Durante a limpeza da coluna n°02 uma
tubulação que estava isolada por um plugue iniciou o vazamento. Esse
plugueamento não era o procedimento correto adotado em manutenções anteriores
quando se efetuava o isolamento da linha por meio de um sistema de duplo
bloqueio ou o uso de flange cego.
Uma válvula de esfera pneumática
era a única forma de manter isolada, caso o plugue não funcionasse, porém, a
investigação do acidente revelou que durante o vazamento do material inflamável
a válvula foi acionada (abertura). Foi constato que essa válvula foi aberta
inadvertidamente (acidentalmente), entretanto, o procedimento de manutenção e
segurança exigia que durante serviços naquele local, o suprimento de ar da
válvula deveria ser desconectado mantendo a válvula em posição de fechamento,
ou seja, o procedimentos da empresa previa que as mangueiras de ar para as
válvulas deveriam ser desligadas antes do trabalho de manutenção. Esta tarefa
não foi realizada.
Além disso, as válvulas de
abastecimento de ar para as mangueiras do mecanismo de acionamento estavam na
posição aberta (considerado falha grave), de modo que o ar que fluiu livremente
abrindo a válvula durante o trabalho de manutenção.
Ao que tudo indica é que o plugue
da linha não "aguentou" e vazou quando a válvula esfera foi acionado
acidentalmente.
ASSISTA O VÍDEO COM O RESUMO DO ACIDENTE.
OUTRAS FALHAS
Layout
de Fábrica (Detectores de gases e entrada de ventilação)
Mal posicionamento dos detectores
e entradas de ventilação dos edifícios administrativos. A entradas de ventilação
ficavam a favor do vento facilitando a entrada de gases liberados pela planta
de processo. Dessa forma, não estavam dispostas corretamente de modo a evitar a
ingestão de gases pelos funcionários no interior dos edifícios, no caso de um
grande vazamento. Outro problema foi que alguns detectores não foram capazes de
indicar o vazamento. A localização da sala de controle, distâncias entre
plantas e rotas de escape (em especial para pessoal administrativo) foram todos
criticados e considerados como inadequados me situações de crise (emergência).
Autorização de trabalho
Foi constatado desobediência das
licenças de trabalhos, tanto por funcionários da Phillips como da empreiteira.
O descumprimento dessas licenças para trabalhar em áreas de risco, colaborou
para o acidente.
Planta de Pasadena praticamente destruída após o incêndio. |
Sistema de Proteção Contra
Incêndio
Ausência de testes e inspeções
periódicas do sistema. Não havia nenhum sistema de água voltado exclusivamente
contra incêndio. A água para o combate às chamas teve que ser retirada do
sistema de água de processo. Este sistema foi severamente danificados nas explosões
pois as bombas de água de combate ao incêndio falharam quando os cabos de
alimentação elétrica foram danificados pelo fogo, resultando assim na perda de
pressão da água. Das três bombas à diesel de reserva para o combate a
incêndios, uma estava em manutenção e outro ficou sem combustível.
Sinais de alerta (alarme)
Foram salientados problemas
quanto ao nível sonoro do alarme de emergência, já que alguns funcionários em
certas partes da planta, foram incapazes de ouvir a sirene. Outro problema foi
a interrupção das comunicações telefônicas durante o incêndio, o que dificultou
a gestão da crise, pois não havia como manter o fluxo de informações.
Em resumo, ficou evidenciado que
o plano de emergência local, o sistema de combate a incêndio e de emissão de
ordem de serviço foram extremamente ineficientes e foram apontados neste caso
como causas básicas a falta de
formação técnica, incompetência para realização do serviço, falta de gestão e
ausência de supervisão do pessoal da operação, manutenção e segurança do
trabalho. A causa imediata foi a
abertura inadvertida da válvula esfera pneumática.
Fonte:
Health and Safety Executive – HSE.
Lees , FP , "
Prevenção de Perdas nas Indústrias de Processo -
Identificação de
Perigos, Avaliação e Controle”, 1996.
Robert M. Bethea, Explosion and Fire at the
Phillips Company Houston Chemical Complex, Pasadena, TX.
Department Texas Tech University Lubbock, TX.
Department Texas Tech University Lubbock, TX.
Muito bom seu blog, muito explicativo e didático! Parabéns e obrigada!
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