O desastre de San Juanico foi um grande
acidente industrial ocorrido em San Juan Ixhuatepec (mais conhecido como San
Juanico) no subúrbio da Cidade do México, ao norte da mesma.
O incidente ocorreu em uma
instalação de armazenamento e distribuição (um "terminal") para gás
liquefeito de petróleo (GLP), pertencente à empresa multi-estatal, Petróleos
Mexicanos (PEMEX). A instalação consistia de 54 tanques de armazenamento de GLP (vasos de pressão), destes, 6 eram tanques esféricos (quatro com
capacidade de 1.600 m3 e dois de 2.400 m3) e 48 tanques cilíndricos
horizontais de vários tamanhos.
A esquerda as duas esferas remanescente. Eram seis no total. |
Área de tancagem dos vasos cilíndricos completamente destruída. |
Três refinarias forneciam
diariamente o GLP para planta de San
Juanico. Naquela madrugada a planta estava sendo abastecida pela refinaria de
Hidalgo a 400 km de distância, sendo que as duas esferas maiores e 48
recipientes cilíndricos foram preenchidos
até 90% e 4 esferas menores até 50% de sua capacidade.
No momento do acidente todos os
tanques juntos continham cerca de 11.000 m3 de propano /butano, o que
representa um terço de todo fornecimento de gás da Cidade do México.
O
ACIDENTE
A partir das 3h00m da manhã de 19
de novembro de 1984, houve um vazamento de gás. Durante quase três horas, a
nuvem de gás impregnou toda a área de tancagem indo além desta instalação
atingido uma área residencial próxima. Algumas pessoas que vivem perto da usina
despertaram do seu sono, devido ao forte cheiro de gás.
A queda de pressão foi notada na
sala de controle, e também em uma estação de bombeamento do gasoduto. Uma tubulação
de 8” entre uma esfera e uma série de tanques cilíndricos rompeu-se.
Infelizmente, os operadores não conseguiram identificar a causa da queda de
pressão. A liberação de GLP continuou até encontrar uma fonte de calor...Ocorre
a ignição.
Uma série de explosões destruíram
as instalações e devastou parte do subúrbio de San Juanico. As explosões foram
tão violentas que foram registradas pelos sismógrafos da Universidade do
México.
A primeira explosão foi
registrada 05h 44min 52s, e foi seguida por 12 explosões dentro no período de
uma hora e meia. Foi observado que alguns deles foram do tipo BLEVE - Boiling
Liquid Expanding Vapor Explosion (explosão do vapor de expansão de um líquido
sob pressão).
As esferas remanescentes de San Juanico. |
Devido à ruptura de dois tanques
de armazenagem, duas das explosões tiveram uma intensidade de 0,5 graus na
escala Richter e uma enorme nuvem de cogumelo de fogo atingiu 500 metros de
altura.
As casas ao sul da área foram
praticamente incineradas. Ondas de choque das explosões não só destruiu uma
série de casas, mas também arremessou vários tanques cilíndricos a partir de
seus berços, acrescentando ainda mais combustível ao incêndio que tomou conta
de toda a instalação e as casas do subúrbio de San Juanico. As esferas menores
e alguns dos cilindros explodiram. Fragmentos das esferas e tanques cilíndricos
inteiros, alguns pesando cerca de 30 toneladas, foram arremessados à longa
distâncias. Foram encontrados fragmentos metálicos retorcidos a 1200 m do local
e vasos cilíndricos até 400 m. Um destes vasos atingiu uma casa de 2 andares
matando todos os moradores.
O INCÊNDIO
Grande parte do subúrbio de San
Juanico foi destruída pelas explosões e o incêndio que se seguiu. O incêndio também
se espalhou para a planta vizinha de engarrafamento de gás em cilindros (fábrica
UNIGAS), ocorrendo ainda mais explosões, aumentando assim o incêndio.
O fogo devorou tudo ao redor da
planta, incinerando instantaneamente casas, pessoas, animais de estimação e
veículos. Cinco quarteirões da cidade foram praticamente varridos pelo fogo.
Grande parte da população ainda estava dormindo ou se preparando para ir ao
trabalho ou escola e praticamente foram vaporizadas. O calor radiante gerado no
incêndio incinerou a maioria dos cadáveres reduzindo a cinzas. Muitos com
apenas 2% dos restos recuperados deixados sem condições de reconhecimento. Uma
vala comum foi feita para enterrar os restos mortais das vítimas de San
Juanico.
Vala comum de San Juanico. |
Pessoas nuas ou simplesmente em
suas roupas íntimas e pijamas corriam sobre vidro quebrado e detritos que cobriam as ruas.
Gotículas de gás liquefeito de petróleo “choviam” sobre a população em fuga,
causando queimaduras terríveis. Sobreviventes queimados, confusos e em estado
de choque vagavam pelas ruas até a chegada de socorro.
Cenas lamentáveis da tragédia. |
Às 6 da manhã, os primeiros
caminhões de bombeiros chegaram ao local. Cerca de 985 médicos e 1780
paramédicos participaram do
socorro. O exército foi chamado para conter o pânico, onda
de saques e estabelecer a ordem.
CAUSAS PROVÁVEIS
Causas Imediatas:
O desastre foi iniciado por um
vazamento de gás provavelmente causado por uma tubulação de 8” durante as
operações de transferência entre o pátio de tancagem das esferas com os vasos
cilíndricos. Cita-se que um sobre pressão rompeu a tubulação que provavelmente não
possuía espessura de parede adequada.
Resta saber se a parede da tubulação sofreu corrosão, ou estava subdimensionada
(falha de projeto ou de instalação). Outra dúvida que paira sobre o caso é se a
inspeção de equipamentos tinha o controle de medição de espessura.
A fonte de calor que provocou a
ignição também é desconhecida. A fonte
provável seria uma faísca da ignição de um caminhão de entrega que estava na
fábrica no momento do acidente.
Há muitas teorias e especulações sobre o assunto.
Causas Básicas:
- Layout da fábrica quanto ao posicionamento dos vasos e o distanciamento entre eles foram considerados inadequados;
- A instalação de um sistema eficaz de detecção de gás e de emergência poderia ter evitado o desastre. A planta não tinha sistema de detecção de gás e, portanto, quando o isolamento de emergência foi iniciado já era tarde demais;
- Sistema de água de incêndio do terminal foi desativado na explosão inicial (falha também percebida no Layout). Também os sistemas de pulverização de água foram insuficientes;
- Falha no Controle de Emergência foi evidenciada pelo plano de emergência local e pelo acesso de veículos de emergência. Ambas ineficazes. Dificultando a chegada dos serviços de emergência agravada pela população em fuga.
AS CONSEQUÊNCIAS
Após as explosões, a sociedade
mexicana exigiu saber o que tinha acontecido em San Juan Ixhuatepec. A PEMEX
emitiu uma declaração culpando UNIGAS Co., que tinha uma instalação de
armazenamento ao lado da fábrica. Eles disseram que uma explosão em um
caminhão-tanque de gás de descarga na fábrica UNIGAS tinha produzido a
catástrofe. Evidências apontam a origem o desastre na fábrica PEMEX. Operários
da PEMEX que sobreviveram ao desastre disseram que um vazamento de gás foi
detectado, mas nada poderia ser feito, pois foi detectado tarde demais. A PEMEX,
depois de admitir sua culpa, prometeu indenização e abrigo para as pessoas
afetadas pelas explosões.
O governo da Cidade do México
prometeu mudar e banir as usinas de gás de San Juanico. Entretanto, até 2009,
seis áreas de armazenamento de gás permanecem. Incluindo a instalação da PEMEX
que foi reconstruída. Novos postos de gasolina e depósitos de armazenamento de
materiais inflamáveis foram construídos dentro do chamado "polígono de
segurança" ignorando um decreto presidencial promulgado logo após o
acidente. Catorze empresas são classificadas como "perigoso para a
comunidade", com 12 deles estando em risco de uma explosão.
O VÍDEO ABAIXO DEMONSTRA A TRAGÉDIA
E AUMENTA NOSSA PERCEPÇÃO DO CAOS
QUE FOI O ACIDENTE DE SAN JUANICO.
O subúrbio de San Juanico cercava
a instalação da PEMEX e consistia de 40.000 habitantes, e mais 60.000 vivendo
nas colinas. Estimam-se entre 500 e 600
vítimas fatais e 5000 a 7000 feridos (muitos com queimaduras graves). O desastre San Juanico foi um dos mais mortais
desastres industriais da história do mundo que, com o tempo, vem caindo no
esquecimento, tal como vem desaparecendo da memória coletiva dos brasileiros a
tragédia da Vila Socó, que ocorreu no mesmo ano em Cubatão-SP-Brasil.
CASOS CORRELATOS
Fonte:
O local aonde ocorreu a explosao hoje e um parque
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