Na madrugada de 9 de janeiro de 1967
por volta da 3:00h, uma forte explosão foi ouvida em toda a cidade, a vários
quilômetros de distância, provocando uma labareda (BLEVE) de cerca de 100
metros: era o fim do Gasômetro, extinguindo definitivamente com o serviço de
gás encanado em Santos.
Na foto pode-se ver os cinco vasos cilíndricos e o tanque balão (a direita) do Gasômetro de Santos. Fotos: José Dias Herrera. |
Até aquela ocasião, o Município
contava com o serviço de gás encanado residencial, administrado pela Cidade de
Santos Serviços de Eletricidade e Gás (CSEG), que antes era operado pela Cia.
City, abrangendo também o município de São Vicente.
O gasômetro de Santos, que
funcionava na Rua Marechal Pego Júnior, 114, na Vila Nova, a explosão danificou
residências num raio de cinco quarteirões. Mesmo nos bairros vizinhos, a onda
de choque da explosão arrancou telhados e portas, fez paredes desabarem e destruiu vidros de janelas a até 2 km de
distância do gasômetro, inclusive na orla da praia onde muitos correram para
procurar refúgio. Carros parados se precipitaram uns contra os outros. No
rastro da destruição, cerca de 300 feridos, em grande parte durante os momentos
de pânico em que as pessoas tentavam fugir da zona de perigo. Não houve vítimas
fatais. Pelo menos, essa é a versão oficial.
Falta de inspeção e manutenção extinguiram o serviço de gás encanado em Santos e em São Vicente. |
Registros históricos mostram que
Santos foi uma das primeiras cidades do País a contar com esse tipo de
fornecimento de gás. O serviço foi implementado a partir de 1870.
Na ocasião da explosão o
Gasômetro de Santos (assim era denominada popularmente) possuía cinco
reservatórios (vasos de pressão cilíndricos horizontais), cada um com capacidade
de 1.658 m³ de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e um tanque balão de
armazenamento, que com a explosão ficou bastante danificado.
Rua Marechal Pego Júnior, 114, na Vila Nova. As construções no entorno do gasômetro foram bastante afetadas pela explosão. |
CAUSA
Apesar de o Regime Militar tentar atribuir o episódio a grupos terroristas esquerdistas do "comunismo galopante" da época (um quartel do Exército ficava próximo ao gasômetro), segundo a perícia técnica, foi constatado que as instalações do Gasômetro de Santos estavam em péssimas condições
de conservação apresentando claros sinais de corrosão.
Foi apontada pela perícia que o vaso de pressão n.5 estava corroído
e não apresentava qualquer segurança. O risco era tão alto que a CSEG iria
interditá-lo nos próximos dias, segundo revelaram funcionários. Um fragmento do casco do vaso comprova as
denúncias: sua espessura não ia além de 6,3 mm, quando originalmente era de 15,8
mm.
Outra falha de segurança foi a
proximidade dos cabos de alta tensão (6.000 volts) que passavam a poucos metros
dos reservatórios de gás. Uma faísca perdida associada ao vazamento
provocado pela falta de manutenção (perda de espessura da chapa do costado)
teria provocado a ignição necessária causando a explosão.
Jornal A Tribuna
CASOS CORRELATOS
(atmosfera inflamável + ignição por faísca elétrica)
Há sempre um preço alto para quem não inclui a MANUTENÇÃO na realidade operacional de um sistema técnico, uma planta de produção, uma máquina, etc.
ResponderExcluirNa época abafaram a verdade.
ResponderExcluirComo o Quartel General da Baixada Santista ficava ao lado, tentaram dizer que tinha sido um atentado terrorista.
Aconteceu que alguns militares tinham tramado a explosão mas foi mais um tiro saído pela culatra...
Eu estive lá na madrugada filmando para o Atualidades Santistas, junto com o dono da empresa que era o Daniel Fernandes.
Confiscaram o filme e mandaram ele calar a boca. :(