Na quarta-feira 22 de abril de
1992 em 10:09h ocorreu uma explosão na galeria de esgoto da cidade de
Guadalajara (segunda maior cidade no México) no meio de uma zona urbana
altamente povoada. Isto foi seguido por uma série de explosões entre 10:30h e 11:30h
e a última as 14:20h . Duas outras explosões ocorreram muito cedo na
quinta-feira de manhã, um dos quais no bairro industrial de Álamo ao norte da
cidade. As explosões resultaram da ignição do gás acumulado duto principal (coletor) de esgoto de 3,50 m
de diâmetro enterrado a 8 m sob o eixo das ruas do bairro.
AS CONSEQUÊNCIAS
Danos Humanos
O número oficial foi: 206 mortos,
500 a 600 desaparecidos, 1 800 feridos e, ao todo, 4.500 vítimas do desastre. Estima-se
que a catástrofe realmente causou pelo menos 1.000 mortes. Quarta-feira era dia
de feira (mercado semanal montado ao ar livre) e as ruas estavam cheias de
pessoas.
Danos Materiais
As explosões sucessivas rasgaram
as ruas sacudindo as casas, desmoronando-as. Veículos foram jogados para o ar e
muitos foram encontrados enterrados sob os escombros. Foram 13 km de ruas
completamente devastadas, 1500 casas e 637 veículos destruídos, 1.224 prédios
danificados. Segundo as autoridades a catástrofe provocou danos no valor de 200
bilhões de pesos (76 milhões de euros de 2006).
O vídeo abaixo traz uma coletânea de imagens da
tragédia.
Cenas fortes...
A origem, as causas e
circunstâncias do ACIDENTE
Após as explosões, as suspeitas
foram direcionadas para uma empresa de petróleo PEMEX, próxima zona de
desastre.
Oito dias antes do desastre, foi
detectado uma perda de pressão no oleoduto
de 12 polegadas que levava o gasolina da refinaria de Salamanca, a 238 km, ao
depósito de Guadalajara, ambas da empresa de petróleo PEMEX.
A perda de pressão foi o
resultado da perfuração do oleoduto, levando a um de vazamento gasolina a menos de 1 km dos
tanques de armazenamento da companhia de petróleo. A linha de água cidade,
provavelmente feito de cobre revestido com zinco - instalados a cinco anos,
havia sido instalado encostado ao oleoduto de aço
sem respeitar as normas de proteção, provocando a corrosão
galvânica , em seguida, a perfuração da tubulação (o solo úmido serviu
como eletrólito). A gasolina assim derramada no solo , infiltrou-se a atingindo
o duto principal de esgoto a cerca de um metro do oleoduto. Esse vazamento de
gasolina do oleoduto seguido de infiltração da rede de esgoto já deveria estar
acontecendo a cerca de 8 dias(desde do dia da perda de pressão detecta pela
PEMEX na tubulação de gasolina).
Uma segunda teoria defende que o vazamento já estava atuando a alguns meses e a explosões ocorreram devido a elevação da temperatura ambiente a 31°C naquela semana, aumentando a evaporação da gasolina e expandindo ainda mais os vapores da mesma contido no esgoto.
Uma segunda teoria defende que o vazamento já estava atuando a alguns meses e a explosões ocorreram devido a elevação da temperatura ambiente a 31°C naquela semana, aumentando a evaporação da gasolina e expandindo ainda mais os vapores da mesma contido no esgoto.
Em algumas casas que recebiam
água potável desta tubulação de água que ficou em contato com o oleoduto, também sofreu perda de espessura e furou,
carreando gasolina junto a água potável.
A configuração da rede de
drenagem da cidade também foi posta como uma das causas do desastre. Para
resolver um problema de uma intersecção entre duto principal de esgoto e uma
nova linha de metrô recém-construída, foi reconfigurado o traçado original do
duto de esgoto montando-se um sifão em
“U”, o que criou condições favoráveis para a criação de uma atmosfera
explosiva a montante do sifão causada pela presença de gasolina no esgoto. Com a
presença do sifão os gases eram impedidos de prosseguir com a fase líquida do
esgoto. Assim, a fase gasosa acabou ficando represada no trecho do duto antes
do sifão.
Desde o 18 de abril, quatro dias
antes da tragédia, muitos moradores reclamaram da presença de vapor e de cheiro
de gasolina escapando dos bueiros das
ruas e dos ralos e sanitários do interior das casas, e em algumas residências a água potável foi
contaminada pela gasolina.
Agentes de segurança pública
fizeram uma série de medições de explosividade em vários locais revelando o
risco potencial de explosão, entretanto, o risco não foi levado com muita
seriedade pelas autoridades da cidade de Guadalajara.
Uma atmosfera explosiva em um
espaço confinado estava criada e a explosão pode ter sido iniciada por uma
ignição de motor de um veículo, acendimento de um interruptor ou uma ponta de
cigarro jogada em um ralo.
AÇÕES IMEDIATAS APÓS O DESASTRE
Trincheiras e seis poços de
bombeamento foram escavadas para evitar a contaminação do aquífero pela mistura
da água de esgoto e a gasolina. Um volume estimado de 143 m3 de
gasolina foi extraído diretamente do solo encharcado pelo produto.
Técnicos estrangeiros foram
acusados pela falha no controle dos métodos de armazenamento e distribuição da
empresa de petróleo.
Foram avaliados os riscos
potenciais existentes, para estabelecer novas condições de segurança e de
planejar em resposta procedimentos em caso de uma nova emergência.
A empresa de petróleo
comprometeu-se a publicação de um relatório sobre o estado de todas as suas
instalações (58.000 km de oleodutos, 3.200 estações de serviço) para detectar
problemas semelhantes de construções e intersecções com outras instalações
enterradas como água de abastecimento e de esgoto, linhas de metrô e outros.
Acompanhamento Administrativo
Em 30 de abril, 1992, O
Ministério mexicano do Meio Ambiente anunciou um plano de ação com 9 pontos:
1. Quantificar os riscos nos 50
maiores centros urbanos e industriais;
2. Realizar auditorias ecológicas
para empresas potencialmente perigosas;
3. Analisar os riscos envolvidos
nas redes da empresa de petróleo em vários estados do país;
4. Realizar ensaios periódicos na
composição do líquido e a presença de gás na rede de esgoto;
5. Diálogo com as empresas
privadas para criar programas para a prevenção de acidentes e a instalação de
equipamentos de segurança;
6. Reforçar o sistema de defesa
civil: criação de comitês nos 50 maiores centros urbanos, a fim de fornecer
suporte às populações em caso de desastres;
7. Aumentar a lista de atividades
consideradas perigosas, de modo a melhorar o controle dessas atividades;
8. Regulamentar o transporte de
substâncias perigosas;
9. Organizar reuniões de peritos
para estabelecer padrões ecológicos, aplicá-las e fornecer meios de
fiscalização para estes peritos.
Esse vídeo abaixo exibido pela National Geographic
completa o bom entendimento sobre o caso:
REPARAÇÕES
A empresa de petróleo participou
da reconstrução da zona do desastre e o Banco Mundial forneceu os fundos
necessários para a construção de um novo sistema de drenagem principal.
LIÇÕES APRENDIDAS
O número de vidas ceifadas neste
acidente salienta o potencial perigo em transportar indevidamente líquidos
perigosos em uma zona densamente povoada. Cuidados especiais devem ser dados quanto
à localização da empresa, o armazenamento desses produtos e a utilização de
planos de segurança e emergência, bem como a criação e execução de
procedimentos de inspeção e manutenção destas instalações.
Observando este caso, é
importante notar que:
- A enorme e descontrolada difusão de líquidos voláteis inflamáveis em um espaço confinado (rede de esgoto) podem gerar grandes riscos para as pessoas, bens e meio ambiente;
- Vazamentos acidentais, ligados ao transporte por oleodutos e gasodutos de substâncias perigosas e sua propagação na rede de drenagem merecem ser analisados e levados em conta na planos de emergência e de controle de riscos;
- É desejável controlar regularmente a presença de gás, bem como a composição de líquidos encontrados nos esgotos, principalmente em áreas urbanas consideradas de risco, devido a presença de instalações industriais que lidam com produtos perigosos.
CASOS CORRELATOS
Fonte:
Ministério de Meio Ambiente
(França).
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