A foto a seguir foi postada no dia 15/12/13 no Linkedin com
o título: De quem pode ter sido o erro? Da engenharia ou produção? A foto
obteve comentários diversos, com a grande maioria concordando com o absurdo de
como uma tubulação que foi montada
transpassando uma coluna tubular aparentemente de função estrutural.
Algumas pessoas defenderam esta situação utilizando o termo
“adequação técnica”.
Este post tem mais
indagações do que conclusões já que não temos os dados operacionais, de
montagem e de projeto, portanto, tem caráter mais "reflexivo ou meditativo" do
que propriamente técnico.
Veja a foto a seguir, leia o texto e tire suas próprias conclusões:
Coluna tubular cortada, comprometendo a resistência mecânica, dando passagem para uma linha de vácuo (cinza) ou de gás não liquefeito (amarela). |
Pelo visual da foto, essa situação provocou algumas desconformidades
devido às dúvidas geradas:
- Efetuado intervenção perigosa em uma perna estrutural, inserindo tensão na região, onde a resistência mecânica desta região ficou comprometida;
- Curiosamente e aparentemente, não foi feito um projeto de modificação ou de inserção de tubulação, confeccionando um novo traçado para condição apresentada;
- Os parafusos do flange na posição 1 hora e 5 horas foram adequadamente apertados e torqueados? A coluna interfere essa operação?
- Outro problema observado é a identificação fora de padrão das cores das tubulações. Afinal, a linha é de vácuo (cinza) ou de gás não liquefeito (amarela)* ?
- Caso essa linha precise se movimentar (dilatação e contração térmica), essa coluna pode limitar esses movimentos (flexibilidade)?
*NBR 6493/1994
Apesar das especulações elencadas acima partindo apenas de
uma foto e sem os dados operacionais em mãos, o bom senso e o histórico de
falhas de acidentes industriais que poderiam ser evitados, foram ignorados ou
consentidos por falta de uma análise mais crítica.
Para se ter uma ideia de como uma intervenção mal sucedida em estruturas pode ser desastrosa, leia o Caso 035 (click AQUI) onde a plataforma semi-submersível Alexander Kielland, no Mar do Norte, naufraga após a instalação de um hidrofone em um dos contraventamentos tubulares.
Para se ter uma ideia de como uma intervenção mal sucedida em estruturas pode ser desastrosa, leia o Caso 035 (click AQUI) onde a plataforma semi-submersível Alexander Kielland, no Mar do Norte, naufraga após a instalação de um hidrofone em um dos contraventamentos tubulares.
FATO: Cerca 50% da parede tubular foi cortada, ou seja, sua
resistência mecânica naquela seção caiu pela metade (ponto frágil). Somado a corrosão
atmosférica que ocorrerá já que o metal foi exposto (inclusive a parede interna
de todo comprimento longitudinal) e caso essa a estrutura suporte algum
equipamento rotativo de grande porte, poderemos ter vibração que comprometerá
ainda mais esse ponto, podendo até mesmo colapsar. Esta estrutura terá sérios
problemas no futuro.
Vibração + corrosão + baixa resistência mecânica = acidente
(uma questão de tempo).
SUCESSÃO DE FALHAS
É muito provável que o erro tenha como origem o projeto de
tubulação, que não observou esta interferência (coluna tubular).
Salvo engano pode ter sido durante os trabalhos de
topografia industrial que induziu ao erro de posicionamento durante a montagem.
Se isso que aconteceu, em algum lugar uma extensão de tubo deve ter sido instalada.
Se durante a montagem o executante, juntamente com o seu
encarregado, perceberam a interferência e assumiram o risco de eliminar essa
interferência, sem consultar a engenharia, erraram. Acredito que isso não tenha
acontecido e o executante obteve a autorização para realizar esse
“serviço”.
Sendo assim, qual erro de GESTÃO permitiu esta falha:
Planejamento? Comunicação? Treinamento? Supervisão?
Agora duas outras
grandes questões: Se alguém autorizou, foi feita com aval da engenharia/projetista? Como agiu o inspetor responsável
nesta situação?
Entre muitos, três
comentários sobre esse assunto no Linkedin chamam a atenção e foram citados aqui na integra para REFLEXÃO:
“A causa é única, hoje
em dia não há gestão de pessoas e sim muita indicação de pessoas, este é o
maior erro. Ai podemos contar com educação de má qualidade, pessoal
desinteressado e pouco comprometido, enfim uma série de fatores. Mas esse é
mais um caso de puro descaso com a obra, além de danificar uma estrutura,
visualmente é horrível e arriscado, pois a estrutura pode morder a tubulação“.
Thiago Felipe
“Cuidado que o tubo
verde vai morder o cinza/amarelo, rsrsrsrsr. E o setor de qualidade (inspetores
de solda, dimensional, etc... ) omissos, irresponsáveis”. Estevão Soares
“Recurso técnico mais
também conhecido como gambiarra. Situação muito comum em grandes obras hoje em
dia e ai do inspetor que reprovar perde ate a boca”. Jadir Gomes de Oliveira
Seria cômico se na fosse trágico. Parece-me que estamos em mais um estágio de involução: de homo sapiens para homo gambiarrus. A sociedade vive uma crise de moral e ética? |
Mais um caso. Quem autorizou o corte de uma seção da estrutura de aço do piperack para dar espaço para o volante da válvula? |
Fonte:
Linkedin / postagem de Kleberton
Douglas. De quem pode ter sido o erro? Da engenharia ou produção?
Center for Chemical Process Safety – CCPS.
O fato de ser uma "gambiarra" perigosa não é o pior. Resta saber quem ou qual Engº (se foi um engº) autorizou esse "crime"?
ResponderExcluirMas falo com conhecimento de causa. Cansei de ver soluções desse tipo feito a mando "engenheiro"?! Como exemplo posso citar um caso corriqueiro que sempre ocorre nas Caldeirarias. Um cilindro (virola) com desencontro de bisel ainda não soldado. Quando alertado pelo Inspetor, de que tal ocorrência deve ser retirado os pontos de atracamento e nivelado corretamente. É comum ouvir a réplica de que o mesmo esta dentro da tolerancia conforme W31 DO ASME VIII. Raios...ainda estamos no passo do W31. O W32 da mesma Norma citada, da as indicações de como se deve fazer o atracamento das duas faces biseladas. Caso aconteça por motivo de deformação durante a soldagem esse desencontro; la vem novo Argumento mal direcionado. TEMOS QUE VER QUANTO ESTA DESENCONTRADO; SE ESTA DENTRO DA TABELA DO W 33. Eu pergunto: QUE TABELA??? Responde o dito cujo "engº"- A TABELA DE W 33. Continua lendo e interpretando de maneira equivocada".OOO infeliz" Deve ser esmerilhado pelo interno o 'RESSALTO afim de que haja conformação de "cilindricidade" Apos o que pelo lado externo devera ser reposto o que foi esmerilhado para retirar o ressalto; com deposição de solda. Então pergunto eu: ONDE ESTA AGORA A TABELA? A tabela só é presente nesse paragrafo para referencial de correção; e não referencial de ACEITAÇÃO. Se o diâmetro interno foi projetado para certa medica perimetral, e com o minimo de "ovalização" no ato das medições para liberação; então o depto de Engenharia não seria necessário, e a correção com solda também não seria necessário. Bons tempos QUANDO ENGENHEIROS AINDA USAVAM GRAVATAS; la pelos anos 50 60 70.
No meio do caminho tinha uma estrutura / tinha uma estrutura no meio do caminho / ou mandante é um artista / mas com certeza é bem burrinho.
ResponderExcluirGostaria de explicitar meu apoio ao Jadir Gomes de Oliveira, na área industrial tenho inúmeros exemplos como este e outros até mais críticos, onde muitas vezes pela em nome da manutenção do emprego, somos obrigados a assistir o filme de terror calados. Tenho visto casos inclusive onde leigos com algum poder, se colocam a frente de profissionais habilitados e tomam decisões técnicas catastróficas...FL Eng. Civil
ResponderExcluirA única condição para se aprovar uma decisão desse tipo, é se logo em seguida a estrutura fosse retirada, tendo ficado ali apenas para dar suporte a obra. Marcio Cetto - Encarregado de Dutos
ResponderExcluirESTRUTURA e pintada; não pode ser "provisória". Caso fosse provisoria, não teria sido pintada de verde ou qualquer cor que fosse, pois a mesma iria se retirada no final do proposito. ISSO É MESMO UMA GAMBIARRA E CRIMINOSA.
ExcluirQuanto ao corte da viga para poder usar o volante da válvula também e de "lascar". É mais ou menos com fez o fazendeiro. Matou todo gado e vendeu a carne na clandestinidade para poder se ver livre dos "carrapatos"
ExcluirEsse é o absurdo dos absurdos. Deve ter sido feito na prancheta com vegetal molhado, ou feito por alguem de outra disciplina, não de tubulação. Nos dias de hoje é muito raro acontecer coisa parecida em projetos, pois qualquer projetista com o mínimo de conhecimento em resitência dos materiais jamais aceitaria tal arranjo. É o erro bizarro que costumo mostrar para meu filho que pretende fazer engenharia.
ResponderExcluirNão sou especialista em tubulações nem em estruturas metálicas, mas pela simples análise da foto percebe-se que em verde temos um elemento com acentuada função estrutural (cargas elevadas) e em hipótese alguma deveria ser cortada. Observa-se pela espessura da parede do tubo e um outro contraventamento soldado à mesma, oque indica esforços de torção, excentricidade e necessidade de apoios extras. Além das análises acima, percebe-se que a curva adicionada à tubulação também foi fabricada, talvez curvando-se parte do tubo até seu ajuste, logo não sabemos a que tipo de esforço foi exercido, podendo haver vazamento devido à microfissuras em sua parede. Mesmo que o trabalho de reposicionar a tubulação de gás ou vácuo fosse onerosa ou demandasse mais tempo em sua execução, ainda assim o correto procedimento e atenção às normas de boa execução deveriam ser seguidas. Ou isso ou assume-se o risco de colapso de uma estrutura, vazamento potencialmente tóxico ou explosivo e prejuízos materiais e até humanos irreparáveis na planta das instalações. Um grande equívoco. A solução? Refazer.
ResponderExcluirPara ficar mais lindo, depois dessa montagem poderiam ter soldado a tubulação
ResponderExcluirque foi inserida, na estrutura tubular melhorando um pouco mais a estruturação e
a estética da gambi, alem de torna-la uma solução definitiva.
um absurdo, sem comentários...
ResponderExcluirUma simples questão, está cheio de chefes dando ordens, subalternos que seguem a ordem sem questionar por medo de perder emprego... Pois temos quase nenhum LÍDER, que avalia, pergunta, pede ao empregado (ou seu funcionário)... E falta questionamento do funcionário ante uma questão segura: "Não há nada que deva ser feito de forma que possa comprometer a integridade de uma tarefa, mesmo que futuramente".... Todo ato que possa gerar o mínimo de questionamento não deve ser feita sem avaliação técnica responsável... E hoje temos muita gente que se forma por modismo, pra ganhar dinheiro puramente, não por gostar de fazer isto... Logo, a causa de muitos acidentes é: Falha humana... E infelizmente, independente de onde veio a ordem mandatória, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, né?
ResponderExcluira tarefa de avaliar o risco não cabe somente ao lider, e sim a todos os envolvidos, é uma visão lógica da coisa.
ResponderExcluirum bom profissional tem o dever e obrigação de antes da execução de quaisquer trabalho, se certificar dos ricos de segurança, alertando com propriedade aos demais da equipe, sendo subordinado ou não.
Nos dias de hoje é muito raro acontecer coisa parecida em projetos, pois qualquer projetista com o mínimo de conhecimento em resistência dos materiais jamais aceitaria tal arranjo. É o erro bizarro que costumo mostrar para meu filho que pretende fazer engenharia. (citação de Antonio Barreto)
ResponderExcluirPelas fotos e o costume de se efetuar pinturas nos componentes inseridos; posso afirmar que isso aconteceu bem "NOS DIAS DE HOJE" É nesses "dias de hoje" que prolifera uma enxurradas de diplomas comprados, e engenheirinhos escondidos atras de "ar condicionado" e "navegando pela internet; enquanto um bando de "peão" (no bom sentido) terá que cumprir a ordem para não perder emprego. Claro que não se deve execrar uma classe nobre de ENGENHEIROS só porque uns 40% não passam de aventureiros sem vocação.
Quando a gente pensa que já se viu de tudo, acaba se surpreendendo com coisas inexplicáveis e descabidas!!!
ResponderExcluirKKKKK!!!! É o que sempre digo: 100% Engenharia Brasileira!!!!!! Brasileiro é um profissional muito do porcão.
ResponderExcluirEntão, já que era pra fazer gambiarra, uma boa solução seria duas curvas de 45º uns 500mm antes da flange redirecionando a tubulação para a direção certa. Com certeza nenhum projetista ou engenheiro acompanhou a execução da Obra.
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