domingo, 22 de setembro de 2013

Caso 039: Tanque Voador III – Lamesa/Texas/EUA (2009).

Em maio de 2009, na cidade de Lamesa, oeste do estado do Texas (EUA), dois tanques de armazenamento de teto fixo explodem na frente dos homens da brigada de incêndio das cidades de Lamesa e Andrews, durante o combate ao fogo.

Parque de tancagem após o incêndio.

O incêndio foi causado, segundo as informações disponíveis, por um raio que caiu sobre um dos tanques de um pequeno parque de armazenamento de combustível, dando a ignição ao atingir vapores de hidrocarbonetos.
O tanque atingido pelo raio era o maior da instalação, dando início ao incêndio, porém, não explode, e sim os tanques menores que foram superaquecidos pelo calor do primeiro tanque (marco zero do incêndio).
Este é um dos casos típicos e bem didático sobre a importância do resfriamento dos tanques com produtos inflamáveis que estão entorno de um incêndio de grandes proporções. Certamente isso já deve estar incutido nos procedimentos de combate a incêndios dessa categoria. Creio que todo brigadista tem essa informação. Porém, neste caso, a atuação das brigadas não foi capaz de evitar as explosões. Os bombeiros tentaram resfriá-los por pouco mais de uma hora antes da explosão.

"Vestígios" do que  foi um dos tanques de Lamesa.

Um dos tanques ao explodir, “decola” e vaza perigosamente todo o seu conteúdo inflamável e o segundo tanque explode logo em seguida, porém este fica fixado à base e somente o teto do tanque é arremessado evitando que o produto restante se espalhe no local.
Outros tanques também foram destruídos além dois que explodiram e estão na filmagem registrada a seguir:

O VÍDEO ABAIXO FLAGRA
O MOMENTO DAS EXPLOSÕES.



OBSERVAÇÕES:

  • Obviamente, o resfriamento imposto pelas brigadas de incêndio nos tanques foi insuficiente para evitar as explosões e a perda do pátio de tancagem;
  • O tanque que é atingido pelo raio não explodiu, porém, os dois que explodiram, por serem menores, aqueceram muito mais rápido que o tanque gerador de calor, superaquecendo o produto inflamável até a sua ignição seguida de pressão interna brusca e excessiva (explosão). Outra hipótese é que a tanque atingido pelo raio tinha algum "aliviador de pressão" (abertura?) que permitiu que o produto inflamável fosse consumido pelo fogo sem criar um ambiente de alta pressão;
  • Percebe-se que o primeiro tanque que explodiu, decolou literalmente, esparramando seu produto. Já o segundo, o teto é arrancado pela força da explosão. O comportamento do 2° tanque diante uma explosão é o desejável, ou seja, espera-se que o teto seja inutilizado, aliviando a sobrepressão, mas sem que o costado ceda, contendo assim o seu produto, evitando um desastre de maiores proporções. Para que isso ocorra, propositalmente é feito uma “solda frágil” entre o costado e o teto (chapas do teto com a cantoneira de topo) permitindo numa eventual explosão que o “teto seja arremessado” e o costado mantenha sua capacidade de conter o líquido.


O que diz a NBR-7821 - Tanques soldados para armazenamento de petróleo e derivados?

6.5. Projeto dos tetos dos tanques:

6.5.2 Generalidades:

e) As chapas do teto devem ser unidas à cantoneira superior do tanque com uma solda de ângulo contínua somente no lado superior:
– Se a solda contínua entre as chapas do teto e a cantoneira de topo não exceder 5 m e a inclinação do teto no ponto em que ele se liga à cantoneira superior não exceder 1 cm em 6 cm, a junta pode ser considerada frágil e, no caso de uma pressão interna excessiva, a solda romperá antes de o mesmo ocorrer com as juntas do costado do tanque ou com a junta entre o costado e fundo; o rompimento da solda entre a cantoneira superior e o teto do tanque poderá ser seguido de flambagem da cantoneira superior;

Juntas típicas de fundo e teto conforme a NBR 7821.
Caso haja alguma alteração específica sobre este item da norma, favor indicar nos comentários.

CASOS CORRELATOS:

Click no título do caso para consultar:





Fonte:

NBR 7821 NB 89 - Tanques soldados para armazenamento de petróleo e derivados
Explanação do professor  Edson Machado
da Equipe de Formação de Inspetores – EFI / SINDIPETRO-LP.
drylinemedia.com
Vídeos exibidos na NBC, CBS, ABC, CNN, TWC.
Vídeo exibido em 22/10/09 Discovery Channel: Destruído em Segundos.
Cinegrafista: David Drummond.

5 comentários:

  1. Excelente postagem Cesar! O caso demonstra a fragilidade de unidades de estocagem de produtos inflamáveis perante o meio (intempérie), que sem a devida proteção, sistemas de para-raios, aterramento, etc, especificamente neste caso!

    Assim como os acidentes sem ou com afastamento são propagados, comentados a todos da força de trabalho, estes casos de acidentes e suas causas devem ser direcionados à uma comissão normativa correlata de ordem nacional e internacional, para que melhorias contínuas aconteçam e a evolução industrial e tecnológica preservem vidas e reduzam impactos nas cadeias sistêmicas, estratégicas e de logística, em suma, um tremendo prejuízo financeiro, humano e tecnológico.

    Um abraço e obrigado pela tua iniciativa e continuidade desta importante "janela" para contemplação e reflexão.

    Para complemento uma visita a este portal, com este assunto pertinente: "O Quadro 5W 2H"
    http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/21459/o-quadro-5-w-2-h-planejando-a-implementacao-de-uma-solucao

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    1. Perfeito Ruben...Mais uma vez com seus comentários pertinentes que contribuem para o enriquecimento do post....
      Dei uma passada no link sugerido....Creio que método ou Quadro 5W 2H cabe em várias situações onde se procura organização e clareza nas ações.

      Valeu Ruben

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  2. Caro Cesar !!!

    Ótima provocação à Comunidade Técnica, este caso é para pura reflexão profunda de gestores, operadores, mantenedores e equipe de integridade que lidam com este tipo de equipamento, primeiro pela sua importância operacional, ali estão contidos inventários de Matéria Prima e ou Produto Final, razão da existência de uma Industria.

    Como você mesmo colocou, possivelmente a ação da brigada tenha sido insuficiente, mas antes disso temos algumas questões que devem estar sendo respondida no dia-a-dia de uma Empresa:
    O gestor do parque de estocagem conhece bem o assunto? Sabe qual o inventário que ele é responsável? Como está a preparação do quadro de operadores? Principalmente quanto a reciclagem. A instrumentação de controle de nível está compatível com o projeto (ou está jampeada) e o "Espaço Vapor" do tanque, como está sendo gerenciado, com CO2, com N2, as vazões estão corretas? Como estão as válvulas de alívio e vácuo? Possuem corta-chamas operando sem obstrução?
    Se nós quisermos garantir que nossas tancagens resistam aos intempéries temos que conhecer, utilizar e praticar as mínimas recomendações de documentos normativos direcionados para tanques de armazenamento que o API, a NFPA, NBR e outras entidades disponibilizam.
    Recentemente eu escrevi junto com um colega um artigo para gerenciamento de riscos em tancagens: Planning Avoid Faliure na TANKSTORAGE MAGAZINE - www.tankstoragemag.com ver link abaixo.

    http://www.tankstoragemag.com/content_item_details.php?item_id=702

    Trata-se de uma publicação mundialmente conhecida que sinaliza as novidades e práticas em todo mundo no que diz respeito à Tanques de Armazenamento.

    Espero ter contribuído com minhas colocações e me coloco à disposição para discutirmos, inclusive com itens de normas que preconizam ações para o gerenciamento de uma tancagem, desde a sua implementação até a desativação de um tanque.

    Orlando Costa
    Técnico de Inspeção e Integridade

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    1. Perfeito Orlando... Muito boa sua intervenção.

      Realmente o assunto é muito mais amplo e complexo. Certamente suas observações serão de grande interesse aos visitantes dessa página.

      Bem como disse o amigo Rubem Banda no comentário anterior, que cita: "...a fragilidade de unidades de estocagem de produtos inflamáveis perante o meio (intempérie), que sem a devida proteção, sistemas de para-raios, aterramento...", certamente trazem prejuízos muitas vezes irreparáveis. Além do destacado pelo nosso colega, há uma extrema deficiência gerencial destes parques que evidentemente afeta sobremaneira a parte técnica citada tanto por você como pelo Rubem.

      Assim, a reflexão e a discussão estão abertas...
      Obrigado pelos encaminhamentos propostos.
      Iniciarei a leitura do artigo recomendado o quanto antes.

      Cesar Cunha

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  3. Meu nome é Rodrigo Monaco e sou o responsável pelas operações da empresa Continental Disc & GROTH Corporation no Brasil, um dos líderes no desenvolvimento e fabricação das linhas de equipamentos abaixo:

    Proteção de Processos e Tanques de Armazenagem de Combustíveis e Produtos Químicos:

     Válvulas Reguladores para Sistemas de Inertização (Blanketing Gas Regulators – Nitrogênio / API 2000);
     Corta-chamas (deflagração e detonação – API 2000 / ATEX);
     Válvulas de alívio de pressão/vácuo (API 2000);
     Válvulas piloto operadas (API 2000);
     Válvulas de alívio de emergência (API 2000);

    Proteção de Vasos de Pressão, Reatores, Processo, Sistemas Pressurizados...

     Discos de ruptura, Porta-Discos e Sensores (ASME / NR13);

    Fico à disposição para poder lhes ajudar nos atuais e futuros projetos.

    Att.,
    Rodrigo Monaco.

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