O acidente ocorrido em 28 de
janeiro de 1986 continua sendo o fracasso mais emblemático do programa espacial
americano. Foram apenas 73 segundos de voo, seguidos pela explosão sobre do
Oceano Atlântico.
Missão STS-51L Challenger no momento do lançamento. |
Foi a primeira catástrofe
acompanhada ao vivo pela televisão. De suas casas, crianças acompanharam a
tragédia da tela de suas TVs, na manhã que deveria ser marcada para celebrar a
primeira ida ao espaço de um civil, Christa McAuliffe, uma professora de New
Hampshire de 37 anos, onde iria conduzir uma aula em órbita da Terra. Milhões
de crianças em idade escolar estavam acompanhando seu voo.
A explosão do ônibus espacial CHALLENGER. |
COMO ACONTECEU...
Um dos anéis de vedação (O Ring)
de um dos foguetes propulsores sólidos (SRB) rompeu logo após o lançamento,
causando um incêndio seguido de explosão. O rompimento desse anel provocou um
vazamento de combustível propulsor* formando uma ”língua de fogo”, incidindo
essa chama diretamente no casco do tanque externo (ET). A chama cortou o casco
como fosse um grande maçarico. Através do corte no casco a liberação repentina do
combustível do propulsor principal do ET (hidrogênio e oxigênio no estado
líquido sobre pressão), provocou a grande explosão.
*O combustível sólido do SBR é constituído essencialmente
de alumínio (combustível propriamente dito), perclorato de amônia (agente
oxidante), óxido de ferro III em pó e outros componentes que formam uma pasta que
ajudam na queima do combustível sólido.
Na junção de duas partes dos SBRs
há um anel de borracha tipo O (O Ring), que faz a vedação. Bem antes da tragédia do
ônibus espacial Challenger, começaram a aparecer problemas nestas juntas de
vedação. A enorme pressão no interior do foguete (SBR) fazia com que a parede
sofresse uma pequena deformação, ocasionando um deslocamento do anel. Assim,
para manter a vedação e impedir o vazamento de gases, a borracha deveria ter
grande elasticidade para, em frações de segundo, fechar a passagem. Para
remediar o problema, os engenheiros colocaram calços para manter as juntas
retas. Mas, a cada vez que os foguetes SBR eram reutilizados , deformações
adicionais apareciam, provocando, às vezes, pequenos vazamentos. Havia, portanto, a necessidade de resolver
o problema antes de novos lançamentos. No entanto, apesar dos avisos dos
engenheiros, os chefes da NASA continuaram com os lançamentos. Mais tarde, o
ilustre físico teórico ganhador do prêmio Nobel Richard P. Feynman (membro da
comissão que investigou o acidente) acusou estes chefes de praticarem
"roleta russa".
Chama oriunda do SBR incidindo no ET. |
Os filmes e fotos produzidos no
dia da tragédia mostram que o problema foi o vazamento dos gases de altíssima
temperatura de um dos SBRs que provocou
a explosão do grande tanque de combustível líquido (ET).
Os anéis (O Ring) dos foguetes SRB do ônibus
espacial Challenger, eram de fluorelastômero especial, fabricado especialmente para NASA, e possuíam boa performance em altas
temperaturas. No entanto, quando esse elastômero era submetido a baixa temperatura não comportava-se tão bem, tornando-o duro e
quebradiço.
No dia da tragédia a temperatura
ambiente era de dois graus abaixo de zero. Este foi o problema: com a baixa
temperatura, a borracha perdeu sua elasticidade e assim perdeu sua capacidade
de vedar adequadamente a junta do foguete SRB.
O problema pode ser observado iniciando no momento da ignição do lançamento. Veja as setas indicando o vazamento. A junta não suportou. |
TRÁGICO FIM DA TRIPULAÇÃO
Com a explosão do tanque externo
(ET), o compartimento na proa do módulo onde estava a tripulação subiu como uma
bola de fogo, intacto, e continuou subindo por mais cinco quilômetros antes da
queda. A queda livre durou mais de dois minutos. Investigações posteriores
mostraram que provavelmente boa parte da tripulação ainda estava viva durante
este tempo - o impacto com a água foi o golpe final.
Não havia nenhum paraquedas para
desacelerar a descida e nenhum sistema de ejeção. A NASA havia ignorado esses
procedimentos de segurança durante o desenvolvimento e fabricação da
Challenger. A viagem espacial foi considerada tão corriqueira, que os sete
tripulantes da espaçonave usavam apenas macacões azuis e capacetes de
motoqueiro para a decolagem. Eram tão corriqueiras essas missões que o módulo
era conhecido como “Ônibus Espacial”.
INFORMAÇÃO TÉCNICA X GESTÃO (muitas vezes são inimigas mortais)
Na tarde de 27 de Janeiro de
1986, às vésperas do lançamento, a previsão do tempo era de frio excepcionalmente
para a Flórida no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, com temperaturas muito
baixas nas primeiras horas de 28 de janeiro. Engenheiros expressaram
preocupação de que em tais temperaturas frias, os anéis poderiam endurecer e
não selar as juntas, liberando gases de ignição quentes.
Apesar de aviso e sugestão do
cancelamento do lançamento por alguns engenheiros, já que em outras missões espaciais
já havia sido observado desgaste erosivo em anéis similares em temperaturas baixas (semelhante ao de 28 janeiro
de 1986), a cúpula da NASA definiu o problema como risco aceitável.
Após o acidente, uma comissão de
investigação ligada à Casa Branca indicou que as causas da tragédia foram: falha na inspeção dos equipamentos, aliada
à pressão para que o lançamento acontecesse dentro do cronograma previsto pela
agência espacial (NASA).
O físico Richard. P. Feynman
(membro da comissão de investigação)
sua demonstração da borracha mergulhada
em um copo com gelo para explicar
o
acidente com o Challenger.
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Há uma grande polêmica ao que se refere a falha de inspeção já que o problema
foi detectado, mas por conta de um cronograma apertado, a decisão superior da
NASA foi por não fazer os devidos
reparos. Logo, a inspeção de equipamentos foi eficiente, porém a tomada de
decisão foi catastrófica apesar dos dados técnicos disponíveis para tomada da
decisão correta.
CAUSAS
Causa Imediata: deficiência do sistema de vedação com anel
elastômero em baixa temperatura (falha no projeto);
Causa Básica: ignorar informação técnica e continuar o cronograma
da missão (falha de gestão).
CONCLUSÃO DA NASA
- Falha da inspeção;
- É inseguro fazer lançamentos a temperaturas tão frias.
VEJA O VÍDEO ABAIXO, DEMONSTRANDO O MOMENTO DA EXPLOSÃO
E O DETALHAMENTO DA FALHA DO ANEL DE BORRACHA.
OBSERVAÇÕES
1- Os SBRs (foguetes propulsores sólidos) são os
dois tanques laterais responsáveis por 70% da propulsão dos ônibus espaciais
como a Challenger. São chamados de foguetes auxiliares, apesar de terem,
somados, o maior poder de propulsão. Já o ET (tanque externo), é a maior
estrutura do conjunto, sua função é alimentar os motores principais a vencer a
força da gravidade da Terra durante o lançamento sendo responsável por 30% da
força de propulsão;
2- Os SBR
são reutilizados após cada missão. Eles se separam do módulo antes de sair da
atmosfera terrestre e retornam com o auxílio de paraquedas e são resgatados pela
Marinha norte americana ao “caírem” no mar. Nem sempre os anéis de borracha
(anel elastômero) são substituídos.
Fonte:
Emiliano Chemello - A
explosão do ônibus espacial Challenger
Seria muito interessante conhecer os critérios que a NASA adota para o cálculo da vida em fadiga destes tanques, considerando que as tensões alternadas são elevadíssimas e associadas a outros mecanismos de falha, tais como fluência e desgaste devido aos esforços aerodinâmicos.
ResponderExcluirEsse desastre, da uma ideia do que se pode chamar de prepotência orgulhosa de certos Engos,.quanto ao proceder de "autoritarismo". Todos INSPETORES devem tira disso uma lição de cautela; A CORDA SEMPRE QUEBRA NO PONTO MAIS FRÁGIL Nunca deixar de relatar qualquer coisa que ao seu ponto de vista possa parecer temerário a ação da CHEFIA.. Tomemos com os demais exemplos em diversos casos semelhantes já comentados. Seja estojos curto demais, falta de controle de aquecimento numa soldagem, discordância quanto a PROCEDIMENTOS ESCRITOS ainda que o Autor seja nível III. Certo Reator numa Planta Química em Maceió-AL explodiu numa solda circular no costado devido o termino de uma Nervura, que supostamente daria "rigidez" a União entre o CASCO CILÍNDRICO E O TAMPO TORISFERICO. A união de solda desse anel terminava "reto" com a face do Costado; quando deveria descrever uma intercessão "tangencial.Estive presente para Inspecionar os demais REATORES e vi pessoalmente essa irregularidade no projeto original, mas que mesmo assim durou uns 10 anos ou mais. Havia mais três o quatro com a mesma possibilidade.Inspetores; Mantenham copia de toda comunicação e documentação de tudo que vocês tomem parte e com fotos. NOTA: Fotos nunca devem ser divulgadas; mas serão documentos nos seus Registros Digitais armazenados cuidadosamente em PENDRIVE ou similares.
ResponderExcluirNesse caso os Tanques nada tem a ver com o desastre, é sabido que são reutilizados varias vezes. O motivo esta claro; BAIXA TEMPERATURA TORNARAM AS JUNTAS "Não Flexível" para absorver a carga.
ResponderExcluirCaros colegas, recomendo uma visita neste site para aqueles que tem interesse no assunto CHALLENGER (acidente, investigação e conclusões).
ResponderExcluirhttp://www.seuhistory.com/programas/onibus-espacial-challenger.html
Concordo plenamente com o colega José Camargo nos seus comentários.
ResponderExcluirTenho conversado com vários colegas inspetores do trecho que passaram pela mesma situação, reprovam algum material e depois a engenharia do cliente (leia-se aqui consórcios) aprovam o material sem a devida consulta a engenharia do cliente final (leia-se aqui Petrobras).
Por isso ressalto o lembrete do colega "guardem tudo que tiverem de documentos, fotos, e-mails, copia do relatório onde foi apontado a reprovação", pois em algum caso fatal sera de grande valia.
Como o colega aponta no seu comentário a corda sempre rompe do lado mais fraco, e a soberba de certos engenheiros que se acham dono da verdade ou são pressionados por uma chefia que nem sempre é técnica e sim administradora de contratos sem bagagem, somente preocupado em mostrar resultados é isso o que acontece.