Uma das hipóteses para a causa do
naufrágio do navio HMS Titanic, quando na sua viagem inaugural entre a Europa e os Estados Unidos se chocou com um ‘iceberg’ durante a noite
de 15 de abril de 1912, afundando horas depois, seria a fragilidade do seu aço devido as águas frias do Atlântico Norte. Se, para muitos especialistas, esse pode não
ter sido o caso, por outro lado todos concordam que esse problema, para os aços
empregados em oleodutos e gasodutos em regiões frias da terra, é muito real.
HMS Titanic durante o naufrágio. Ilustração: National Geographic Society. |
Portanto, o acidente histórico do Titanic pode estar perfeitamente
relacionado com comportamento
frágil do material
à baixas temperaturas.
“Testes da
composição química do aço utilizado
na construção do
Titanic mostraram um
alto teor de enxofre, oxigênio e fósforo. Altos teores
desses elementos fragilizam o aço. A análise também mostrou baixos teores de
manganês. Teores maiores de manganês tornariam o aço mais dúctil e menos
propenso à fragilização.
Ensaios de impacto
realizados mostraram que o
material do Titanic
era 10 vezes
mais frágil do que os aços de fabricação moderna, quando testados à
temperatura estimada da água quando o navio se chocou com o iceberg.”
Publicação
do Science Daily (Dec. 27, 1997)
Testes feitos por metalúrgicos no
Canadá sugeriram que o aço das placas de seu casco tornava-se frágil a cerca de
32°C. Isto contrasta com os aços modernos, onde a temperatura de transição dúctil-frágil é de -27°C. No entanto, testes mais sensíveis que foram
realizados, e que se aproximam mais das características do impacto do Titanic
com o iceberg, sugerem que o aço do chapeamento do navio foi suficiente para
dobrar-se, ao invés de fraturar.
No vídeo abaixo, veja a simulação computarizada do
naufrágio do TITANIC. Muito interessante!
A Teoria dos Rebites do Titanic
O Titanic possuia cerca de 3 milhões de ribetes. |
Em meados de 2000, dois
metalúrgicos, Tim Foecke, do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos
EUA, e, em seguida, Jennifer Hooper McCarty, da Universidade Johns Hopkins,
também dos EUA, concentraram a atenção sobre a composição dos rebites do
Titanic. Eles combinaram a análise metalúrgica com uma varredura metódica
através dos registros da Harland and Wolff, em Belfast, estaleiro onde o
Titanic foi construído. Combinando análise física e histórica, eles descobriram
que os rebites que fixavam as chapas de aço leve do casco do Titanic, não eram
de composição uniforme ou de qualidade, e não tinham sido inseridos de maneira
que ficassem igualmente espaçados uns dos outros.
Especificamente, Foecke e McCarty
descobriram que os rebites da parte da frente e os da parte traseira,
correspondentes a dois quintos do comprimento total do casco, eram de qualidade
inferior quando comparados aos usados na parte do meio do casco, e além disso,
tinham sido inseridos manualmente. A razão para isto é que, no momento da
construção do Titanic, as prensas hidráulicas usadas para inserir os rebites no
meio do casco, e que correspondiam a três quintos do navio, não podiam operar
em lugares onde a curvatura do casco era muito acentuada, isto é, nas pontas da
embarcação. Além disso, pode ter ocorrido simplesmente uma redução de custos.
Os rebites de qualidade inferior
eram mais baratos, mas tinham uma maior
concentração de impurezas, conhecidas como "escória". Esta maior
concentração de escória significava que os rebites estariam particularmente
vulneráveis às tensões de cisalhamento - justamente o tipo de impacto que foram
submetidos naquela noite de Abril de 1912. Testes de laboratório demonstraram
que nas cabeças destes rebites podem ter surgido pressões extremas, que teriam
permitido que as placas de aço se soltassem no casco, expondo suas câmaras
internas ao ataque das águas.
Mas como todos sabem, um acidente
geralmente é um conjunto de falhas secundárias e de circunstâncias que “conspiram”, levando até o momento derradeiro, a falha catastrófica final.
Várias foram às causas que
contribuíram para o desastre do Titanic e não somente o material inadequado do
casco. Essas causas se entrelaçaram de tal maneira, formando uma complexa
cadeia de eventos até o acidente.
Esta cadeia é familiar para
aqueles que estudam desastres - ela é chamada de "cascata de
eventos".
Eventos em Cascata
Que conclusões podemos tirar dos
acontecimentos ocorridos com o naufrágio do Titanic que ceifou a vida de 1517
pessoas? Primeiro, não há dúvida de que houve falhas na escolha dos materiais
para a construção do navio. As placas de aço da época podem ter sido
inadequadas para serem usadas naquelas baixas temperaturas, e os rebites eram
de qualidade inferior. Em segundo lugar, vários erros foram cometidos pela
tripulação durante o trajeto da viagem: a ausência de um binóculo para
observação; a decisão do comandante Smith em manter a velocidade elevada,
apesar dos inúmeros avisos de icebergs na região; atraso dos operadores de
rádio na obtenção de informações cruciais para os oficiais; e, claro, a falta
de botes salva-vidas em quantidade suficiente. Depois, há os de matemática e
física da colisão: seis compartimentos inundados quando, se tivessem sido
apenas quatro, o navio não teria afundado. E, finalmente, houve a interação
complexa de duas correntes marítimas, bem como a maré extraordinariamente alta
três meses antes, que concentrou icebergs formando uma perigosa armadilha. Não
foi um único motivo que levou o Titanic ao fundo do Atlântico Norte. Pelo
contrário, o navio foi conduzido por uma perfeita tempestade de circunstâncias
que conspiraram para a sua desgraça.
Foto do HMS Titanic. |
O melhor planejamento do mundo
não é capaz de eliminar todos os fatores
que podem impactar negativamente no projeto e operação de uma máquina
complexa, como um enorme navio de passageiros. Eventualmente, e, ocasionalmente,
estes fatores individuais podem se combinarem em uma "cascata de
eventos" tornando-a demasiadamente longa e complicada o suficiente para
que a tragédia não possa ser evitada. Uma das saídas é eliminar alguns elos
dessa cadeia de forma que os eventos remanescentes que atuem de forma
individual não levem a uma catástrofe.
Leme e propulsores do Titanic. |
O escritor científico Richard
Corfield, em um artigo publicado na Physicsworld.com, nos revela que o acidente
pode não ter ocorrido tão somente devido a uma série de erros e acontecimentos
que propiciaram uma perfeita sequência de circunstâncias que levariam o navio
ao seu destino final, mas também em parte por uma negligência da ciência usada
pelos seus construtores, bem como devido a alguns fatores físicos, envolvendo o
clima - que afetou as correntes marítimas - e até mesmo uma influência das
posições do Sol e da Lua nas marés oceânicas, particularmente em 1912, que
acumularam em demasia muitos icebergs na rota do Titanic.
Partida do Titanic em direção ao EUA. Cerca de 1500 pessoas sucumbiram no naufrágio. |
Fontes:
Explanação das aulas dos
professores Maurício de Oliveira e Luiz Bereta
da Equipe de Formação
de Inspetores – EFI / SINDIPETRO-LP.
http://physicsworld.com
http://www.area42.com.br
http://autoentusiastas.blogspot.com.br
http://raiosinfravermelhos.blogspot.com.br
parabéns pra quem elaborou essa matéria !!!
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