Na madrugada do dia 08 de janeiro de 1993, ocorreu um dos maiores
incêndios em refinarias de petróleo no Brasil. Um tanque que possuía 15 milhões
de litros de óleo diesel, sua capacidade máxima, foi atingido por um raio que
provocou a ignição da mistura de gases inflamável (emanação de gás num respiro)
que se encontrava sobre o topo do tanque TQ-4725, da Refinaria de Paulínia a REPLAN,
a maior do país. Imediatamente, após a queda do raio, houve uma explosão
seguida de um grande incêndio.
O combate as chamas do TQ-4725 durou 12 horas. |
Essa foi a primeira vez na PETROBRÁS que um tanque daquelas dimensões teve um sinistro extinto sem que tenha sido por queima total ou por ausência de combustível.
EQUIPAMENTO
Tanque
atmosférico: teto fixo;
Diâmetro: 46 metros (maior
que a largura mínima de um campo de futebol que é de 45 metros);
Altura do tanque: 11 metros
(equivalente a um prédio de 3 andares);
Conteúdo: combustível (óleo diesel refinado);
Área Superficial: 1661 m2
O VÍDEO A SEGUIR MOSTRA UMA COLETÂNEA DE REPORTAGENS
TELEVISIVAS DA ÉPOCA, QUE REGISTRARAM O SINISTRO.
O SEGUNDO VÍDEO (ABAIXO) SÃO IMAGENS DO COMBATE
AO INCÊNDIO ATÉ SUA
EXTINÇÃO REGISTRADA PELA PETROBRÁS.
OBSERVAÇÃO: No controle e
extinção do incêndio de Paulínia, os canhões portáteis utilizados nesta
operação se mostraram muito mais versáteis que os rebocáveis, permitindo o
avanço praticamente instantâneo ao interior do dique, sendo que os rebocáveis
necessitaram de guindaste para auxiliá-los nesta façanha, tornando a operação lenta
e dispendiosa.
RECOMENDAÇÕES
- Todo respiro deve possuir dispositivo de proteção corta-chama com o objetivo de não dar condições que a emanação de gases quando sofra ignição por uma fonte de calor (no caso um raio -relâmpago), o fogo não "corra" para o interior do tanque;
- Garantir que o sistema de combate de incêndio (tubulações de água, câmara de espuma, bombas de incêndio e outros), esteja funcionando e em perfeita condições (teste e manutenção periódica);
- Reavaliar as condições de proteção do manifold responsável pela distribuição e interrupção de fluxo para os tanques, contra sinistros (impacto ou incêndio),
- Instalação de um “Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas” (SPDA).
TANQUE ATMOSFÉRICO DE TETO
FIXO: 1- Escotilha de medição; 2-
Chapa do teto; 3- CÂMARA DE ESPUMA; 4- RESPIRO; 5- Caixa de selagem de
gases; 6- Régua externa do medidor de bóia; 7- Bocas de visita do teto; 8-
Corrimão do teto; 9- Plataforma da escada; 10- Escada helicoidal de costado;
11- Corrimão; 12- Dreno de fundo; 13- Boca de visita no costado; 14-
Termômetro; 15- Saída de condensado; 16-Bocais de entrada e saída de produto;
17 – Entrada de vapor de aquecimento; 18-TUBULAÇÕES DE ESPUMA; 19- Porta de limpeza; 20- Chapa de fundo; 21-
Misturador; 22-Costado.
NORMAS TÉCNICAS
Para evitar esta incidência de raios no interior dos tanques, de
acordo com a normalização, a respeito de espessura mínima para tetos de
tanques, podemos citar as seguintes:
- NFPA 780 – Standard for the Installation of Lightning Protection Systems – 2000 Edition, cita que: chapas de aço com espessura menor que 4,8 mm podem ser perfuradas por descargas atmosféricas severas e não devem ser considerados como proteção contra incidência de raios;
- NBR 5419 – Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas – FEV 2001, cita que para proteção de tanques de superfície contendo líquidos inflamáveis a pressão atmosférica, o teto deve ter uma espessura mínima de 4 mm;
- N-2318 – Inspeção em serviço de tanque de armazenamento atmosférico – MAI/2003 , cita que para produtos com ponto de fulgor menor que 60°C a espessura mínima das chapas do teto deve ser de 4,0 mm.
PROJETO DO SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA
DESCARGAS ATMOSFÉRICAS - SPDA
O Anexo A da norma NBR-5419 estabelece os requisitos de proteção
contra descargas atmosféricas para estruturas contendo líquidos ou gases
inflamáveis (Anexo A, item A.2). Um tanque com teto de espessura de 3 mm não se
enquadra em tanque autoprotegido contra descargas atmosféricas (Anexo A, item
A.2.3.1). No entanto, é possível proteger adequadamente um tanque de
armazenamento de produtos contra descargas atmosféricas adotando-se medidas
descritas na seção 5 da referida norma.
Um SPDA é composto em subsistemas de captores, de descida e de
aterramento. O subsistema captor tem a função de receber a descarga atmosférica,
ou seja, impedir que o raio caia na área protegida pelo SPDA. O subsistema de
descida conduz a corrente de descarga dos captores até o aterramento. No
aterramento, a corrente de descarga é dissipada para a terra.
Segundo a norma, um captor de espessura
menor que 4 mm pode ser aquecido no ponto de queda do raio a ponto de causar
ignição de gases inflamáveis eventualmente presentes sobre o teto do tanque
(NBR-5419 – Tabela 4). No ponto de queda do raio há grande concentração de
energia, provocando grande aquecimento.
No percurso entre os captores e o aterramento, o aquecimento provocado pela
descarga é menor, possibilitando o uso de um material de espessura menor.
Portanto, o teto do tanque é inadequado à utilização como captor, mas pode ser
utilizado no subsistema de descida. A espessura mínima do condutor de descida
exigida pela norma é de 0,5 mm (NBR-5419 – Tabela 4).
Fonte:
www.gifel.com.br
SOLUÇÃO PARA SUBSTITUIÇÃO DE
TETOS FIXOS EM TANQUES SUJEITOS
À CORROSÃO, COM USO DO AÇO
INOXIDÁVEL
por Romildo Rudek Junior, Rui
Fernando Costacurta e Marcelo Rocha Baião.
NFPA
780 – Standard for the Installation of Lightning Protection Systems – 2000
Edition.
NBR 5419 –
Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas – FEV 2001.
N-2318 – Inspeção em serviço de
tanque de armazenamento atmosférico – MAI/2003.