Ocorreu em 1957 na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão–RPBC, no sistema de topo de uma torre de destilação atmosférica, nas
imediações da boca de visita nas badeja 1 e 2 no lado oposto a tomada de
injeção de amônia (NH3).
Nesse local, foi encontrado dezenas de borbulhadores severamente
corroídos eletroquimicamente por ação de ácido mineral. Esse borbulhadores
foram classificados como aço inoxidável AISI 400, conforme teste por ponto efetuado
em 1992, com intuito estabelecer a causa e montar um Museu de Inspeção de
Equipamentos na RPBC.
Um dos borbulhadores da torre de destilação , completamente corroídos com deterioração elevada da campânula, perda total dos dentes e perda espessura em todo conjunto. |
Borbulhador corroído. |
A injeção de amônia, neste caso é utilizada para neutralizar
agentes corrosivos como o HCl (ácido clorídrico) contido no óleo crú, elevando
o pH da água acima de 5, neutralizando a acidez e assim atenuando a corrosão
eletroquímica.
A reação da amônia (NH3) com o HCl ocorre no
estado gasosos, e para teores de cloreto superiores a 70 ppm pode ocorrer precipitação
(sublimação) de NH4Cl (cloreto de amônio) antes da condensação da
água. Como é muito higroscópica, o NH4Cl absorve água até mesmo antes da condensação
desta, regenerando o HCl.
RELEMBRANDO
Torre de Destilação Atmosférica: equipamento responsável etapa da
separação da carga do óleo cru em
diferentes frações de hidrocarbonetos, em função da temperatura de ponto de
ebulição dos hidrocarbonetos neles contidos. As frações são conseguidas
(separadas) devido às características de volatilidade cada fração, obtendo-se
assim, os produtos desejados pela refinaria.
Torre de Destilação Atmosférica. |
Princípio de funcionamento da torre. |
Borbulhador:
peça é projetada de modo a dispersar a fase gasosa em bolhas finas no seio do
líquido. Ele também impede que o líquido desça pelas passagens do gás quando
este flui com baixa velocidade.
A bandeja ou prato com borbulhadores tem orifícios
onde se erguem dutos ascendentes cobertos, cada um, com uma campânula. O vapor ascende no duto e é dirigido para baixo, escapando pelos
orifícios verticais da campânula, como pode ser observado na figura abaixo. Esse
movimento faz com que o vapor entre em contato com o líquido que está represado
no prato , facilitando o carreamento de hidrocarbonetos mais leves através dos
gases ascendentes até o topo da torre.
Corrosão Eletroquímica:
“Pode ocorrer sempre que existir heterogeneidade no sistema material
metálico-meio corrosivo, pois a diferença de potencial resultante possibilita a
formação de áreas anódicas e catódicas. Os casos mais frequentes de
heterogeneidades responsáveis por corrosão eletroquímica estão relacionados com
o material metálico ou com o meio corrosivo”. (Vicente Gentil).
AÇÕES
- Foram substituídos as seções avariadas da bandeja e 70 borbulhadores, utilizando-se desta vez como material o aço inoxidável tipo 304 e aço liga 11-13% Cr-Ni respectivamente;
- Recomendou-se que a amônia fosse injetada na altura da 5ª bandeja. Posteriormente foi verificado que o problema persistia, porém em menor escala.
OBS: Geralmente a injeção desse neutralizador é recomendada
na linha de saída do topo das torres de destilação, e raramente no corpo das
torres como nesse caso, devido ao risco de obstrução por NH4Cl.
(Fonte: Relatório de Estágio de Metalurgia - Museu de Inspeção de Equipamentos, 1992 por Cesar Cunha Ferreira).
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